quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O que está acontecendo com nossa floresta Amazônica?

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da floresta amazônica dos último três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de são Paulo. Não há motivos para comemorações.

A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta. Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias.

Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas. Mesmo depois da aliança dos povos da floresta pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a floresta como um obstáculo ao progresso, como uma área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos, ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica.

Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são símbolos da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo. Um país que tem 165 mil km2 de área desflorestadas, abandonada ou semi-abandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o parágrafo 4º. do artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê: “A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.

Assim, deve-se programar em níveis Federal, Estadual e Municipal a interrupção imediata do desmatamento da floresta amazônica. Já! É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e historia.


Somos um povo da floresta!



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